Rafael, como fora nomeado, acordara novamente antes dos sóis raiarem para preparar o pão do café da manhã, ele e seu pai partiriam cedo e como de costume, estavam com o serviço atrasado. Não que fosse possível adiantar-se, o senhor feudal da região sempre exigia mais e mais impostos. No trimestre anterior quase perderam a cabana onde moram, por sorte os emissários do governo sentiram o cheiro de pão recém feito e deliciaram-se com aquilo que seu pai chama de a maravilha do mundo novo.
Ainda na cama, o lenhador acabara de despertar com o cheiro de pão fresco invadindo seu quarto, esfregou de leve seus olhos e deixou correr suas mãos sobre a cabeça um pouco calva, levantou-se num salto como o normal de todas manhãs, acreditava que assim despertaria melhor e estaria mais disposto para o trabalho árduo do dia que viria pela frente. Dirigiu-se à cozinha com seus pés descalços, a cada passo uma tábua diferente do assoalho rangia alto, era impossível andar por aí sem que ninguém percebesse, parou à porta e avistou seu filho adotivo a terminar os últimos preparativos para o almoço que fariam em meio ao bosque. Jovem, de aproximadamente 1,80 de altura, cabelos curtos e castanhos, olhos verde claro e de corpo não muito robusto, virou-se para o pai - Bom dia! Estamos atrasados, de novo. Acho que voltaremos após o anoitecer. - Disse com olhar pesaroso escancarado em sua face.
- De fato, mas sem pressa filho, às vezes o tempo bem gasto aqui pode nos economizar muitas horas no futuro, sente-se e coma com calma. - Disse pacientemente o velho homem agora sentado em uma cadeira na ponta esquerda da mesa servindo duas xícaras de café bem quente.
- Mas pai, não temos tempo, pegue um pedaço de pão ou algumas frutas e comemos pelo caminho. - Disse o jovem com tom de impaciência na voz enquanto colocava alguns frutos na cesta de comida. - Logo os cobradores estarão em nossa porta e precisamos dar à eles o que desejam, não penso que algumas fatias de pão irão nos salvar novamente.
O homem mais velho deu de ombros para o que acabara de ser dito e continuou, tranquilamente, a tomar seu café. Impaciente, o jovem saiu porta afora dizendo enquanto carregava a cesta do almoço em uma das mãos e um machado de corte na outra - Lhe espero no bosque, alguém tem de se preocupar com os problemas que estão por vir.
- Mais uma longo dia neste bosque amargo. Às vezes penso que vou passar o resto dos meus dias aqui. - Pensou em voz alta o garoto.
- Apenas se assim desejar! - Ouviu-se de longe uma voz áspera vindo por entre as árvores do bosque. O vento acabara de ficar mais forte e as folhas nas altas copas balançavam intensamente, como se o lugar houvesse ganhado vida.
- Quem está aí? - Perguntou o rapaz que sem hesitar largou a cesta de comidas no chão e empunhou seu machado de corte com as duas mãos o posicionando em frente ao seu corpo, como se estivesse pronto para defender-se de um ataque surpresa.
Por dentre as árvores um homem alto circundado por uma aura ofuscante e dourada avançou na direção do garoto, com o dedo indicador tocou sua testa e como num piscar de olhos mil cenas invadiram sua mente.
- E eu me disponho a aprender e sacrificar-me assim que necessário. - Balbuciou o garoto pasmo, seus olhos estavam desfocados como se estivesse encantado com um belo pássaro a cantar em uma ensolarada manhã de domingo. Largou suas ferramentas e adentrou pela floresta seguindo o misterioso homem de armadura dourada.
Continua...
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