sexta-feira, 24 de junho de 2016
terça-feira, 14 de junho de 2016
Os contos de uma ilusão - O Aprendiz
Vinte anos se passaram desde aquela bela manhã de primavera em que um bebê chorava na porta da cabana do lenhador. Até hoje o homem aguarda a vinda de alguém em busca daquela criança que, agora, ele chama de filho.
Rafael, como fora nomeado, acordara novamente antes dos sóis raiarem para preparar o pão do café da manhã, ele e seu pai partiriam cedo e como de costume, estavam com o serviço atrasado. Não que fosse possível adiantar-se, o senhor feudal da região sempre exigia mais e mais impostos. No trimestre anterior quase perderam a cabana onde moram, por sorte os emissários do governo sentiram o cheiro de pão recém feito e deliciaram-se com aquilo que seu pai chama de a maravilha do mundo novo.
Ainda na cama, o lenhador acabara de despertar com o cheiro de pão fresco invadindo seu quarto, esfregou de leve seus olhos e deixou correr suas mãos sobre a cabeça um pouco calva, levantou-se num salto como o normal de todas manhãs, acreditava que assim despertaria melhor e estaria mais disposto para o trabalho árduo do dia que viria pela frente. Dirigiu-se à cozinha com seus pés descalços, a cada passo uma tábua diferente do assoalho rangia alto, era impossível andar por aí sem que ninguém percebesse, parou à porta e avistou seu filho adotivo a terminar os últimos preparativos para o almoço que fariam em meio ao bosque. Jovem, de aproximadamente 1,80 de altura, cabelos curtos e castanhos, olhos verde claro e de corpo não muito robusto, virou-se para o pai - Bom dia! Estamos atrasados, de novo. Acho que voltaremos após o anoitecer. - Disse com olhar pesaroso escancarado em sua face.
- De fato, mas sem pressa filho, às vezes o tempo bem gasto aqui pode nos economizar muitas horas no futuro, sente-se e coma com calma. - Disse pacientemente o velho homem agora sentado em uma cadeira na ponta esquerda da mesa servindo duas xícaras de café bem quente.
- Mas pai, não temos tempo, pegue um pedaço de pão ou algumas frutas e comemos pelo caminho. - Disse o jovem com tom de impaciência na voz enquanto colocava alguns frutos na cesta de comida. - Logo os cobradores estarão em nossa porta e precisamos dar à eles o que desejam, não penso que algumas fatias de pão irão nos salvar novamente.
O homem mais velho deu de ombros para o que acabara de ser dito e continuou, tranquilamente, a tomar seu café. Impaciente, o jovem saiu porta afora dizendo enquanto carregava a cesta do almoço em uma das mãos e um machado de corte na outra - Lhe espero no bosque, alguém tem de se preocupar com os problemas que estão por vir.
- Mais uma longo dia neste bosque amargo. Às vezes penso que vou passar o resto dos meus dias aqui. - Pensou em voz alta o garoto.
- Apenas se assim desejar! - Ouviu-se de longe uma voz áspera vindo por entre as árvores do bosque. O vento acabara de ficar mais forte e as folhas nas altas copas balançavam intensamente, como se o lugar houvesse ganhado vida.
- Quem está aí? - Perguntou o rapaz que sem hesitar largou a cesta de comidas no chão e empunhou seu machado de corte com as duas mãos o posicionando em frente ao seu corpo, como se estivesse pronto para defender-se de um ataque surpresa.
Por dentre as árvores um homem alto circundado por uma aura ofuscante e dourada avançou na direção do garoto, com o dedo indicador tocou sua testa e como num piscar de olhos mil cenas invadiram sua mente.
- E eu me disponho a aprender e sacrificar-me assim que necessário. - Balbuciou o garoto pasmo, seus olhos estavam desfocados como se estivesse encantado com um belo pássaro a cantar em uma ensolarada manhã de domingo. Largou suas ferramentas e adentrou pela floresta seguindo o misterioso homem de armadura dourada.
Rafael, como fora nomeado, acordara novamente antes dos sóis raiarem para preparar o pão do café da manhã, ele e seu pai partiriam cedo e como de costume, estavam com o serviço atrasado. Não que fosse possível adiantar-se, o senhor feudal da região sempre exigia mais e mais impostos. No trimestre anterior quase perderam a cabana onde moram, por sorte os emissários do governo sentiram o cheiro de pão recém feito e deliciaram-se com aquilo que seu pai chama de a maravilha do mundo novo.
Ainda na cama, o lenhador acabara de despertar com o cheiro de pão fresco invadindo seu quarto, esfregou de leve seus olhos e deixou correr suas mãos sobre a cabeça um pouco calva, levantou-se num salto como o normal de todas manhãs, acreditava que assim despertaria melhor e estaria mais disposto para o trabalho árduo do dia que viria pela frente. Dirigiu-se à cozinha com seus pés descalços, a cada passo uma tábua diferente do assoalho rangia alto, era impossível andar por aí sem que ninguém percebesse, parou à porta e avistou seu filho adotivo a terminar os últimos preparativos para o almoço que fariam em meio ao bosque. Jovem, de aproximadamente 1,80 de altura, cabelos curtos e castanhos, olhos verde claro e de corpo não muito robusto, virou-se para o pai - Bom dia! Estamos atrasados, de novo. Acho que voltaremos após o anoitecer. - Disse com olhar pesaroso escancarado em sua face.
- De fato, mas sem pressa filho, às vezes o tempo bem gasto aqui pode nos economizar muitas horas no futuro, sente-se e coma com calma. - Disse pacientemente o velho homem agora sentado em uma cadeira na ponta esquerda da mesa servindo duas xícaras de café bem quente.
- Mas pai, não temos tempo, pegue um pedaço de pão ou algumas frutas e comemos pelo caminho. - Disse o jovem com tom de impaciência na voz enquanto colocava alguns frutos na cesta de comida. - Logo os cobradores estarão em nossa porta e precisamos dar à eles o que desejam, não penso que algumas fatias de pão irão nos salvar novamente.
O homem mais velho deu de ombros para o que acabara de ser dito e continuou, tranquilamente, a tomar seu café. Impaciente, o jovem saiu porta afora dizendo enquanto carregava a cesta do almoço em uma das mãos e um machado de corte na outra - Lhe espero no bosque, alguém tem de se preocupar com os problemas que estão por vir.
- Mais uma longo dia neste bosque amargo. Às vezes penso que vou passar o resto dos meus dias aqui. - Pensou em voz alta o garoto.
- Apenas se assim desejar! - Ouviu-se de longe uma voz áspera vindo por entre as árvores do bosque. O vento acabara de ficar mais forte e as folhas nas altas copas balançavam intensamente, como se o lugar houvesse ganhado vida.
- Quem está aí? - Perguntou o rapaz que sem hesitar largou a cesta de comidas no chão e empunhou seu machado de corte com as duas mãos o posicionando em frente ao seu corpo, como se estivesse pronto para defender-se de um ataque surpresa.
Por dentre as árvores um homem alto circundado por uma aura ofuscante e dourada avançou na direção do garoto, com o dedo indicador tocou sua testa e como num piscar de olhos mil cenas invadiram sua mente.
- E eu me disponho a aprender e sacrificar-me assim que necessário. - Balbuciou o garoto pasmo, seus olhos estavam desfocados como se estivesse encantado com um belo pássaro a cantar em uma ensolarada manhã de domingo. Largou suas ferramentas e adentrou pela floresta seguindo o misterioso homem de armadura dourada.
Continua...
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quarta-feira, 1 de junho de 2016
Os contos de uma terra sem dono - A fundação das oito casas (Parte 2)
Entre algumas colunas quebradas e cortinas rasgadas, a luz do sol avermelhado invadia a local onde antigamente era um nobre salão de reuniões, com seus vitrais coloridos e tapetes que conduziam até o trono de bronze encontrado na parte frontal do salão e oposto a uma grande porta de carvalho maciço com brasões e símbolos reais entalhados nela, dois homens, no centro frontal do palácio, com sua postura ereta e com olhar vago e desfocado, o estranho forasteiro que antes fora intimidado pelos habitantes na taverna estava frente a frente com o nobre cavaleiro que mantinha sua pose imponente.
- É preciso reconstruir Sindera e devolver a este lugar a antiga influência que no passado ele exalava por seus castelos e muralhas. - Argumentava o forasteiro com tom incisivo.
- Podemos viver de forma mais tranquila se não cedermos a este tipo de tentações novamente, os homens anseiam por poder e quando este lhes é concedido a perdição, que insiste em nos rodear, invade nossos peitos e corrompe até o mais nobre dos guerreiros. Você deveria saber melhor que qualquer outro. - Ao proferir estas palavras o pesar nos olhos do homem a sua frente tornou-se evidente, a culpa por um erro cometido no passado estava escancarada em seu rosto marcado por cicatrizes.
- Este argumento não isenta a necessidade de termos um novo líder, um novo alguém para que o povo possa seguir, admirar. O que eu fiz está acabado e o preço que paguei foi baixo perto dos meus atos e por isso, meu amigo, precisamos nos unir, pois juntos podemos reconstruir este mundo de ruínas e lembranças de um passado encrustado de erros.
- E quanto aos outros que sobreviveram, onde estão? - Desconfiado, o nobre deu as costas para o forasteiro e andou alguns metros em direção ao trono de bronze.
- Assim como eu, estão tentando juntar os destroços que sobraram da nossa terra. Vamos unificar os leais à resistência em condados, vilarejos e quem sabe reinos. - Avançou alguns passos, estendeu seu braço direito como se buscasse algo para se apoiar e então deixou repousar sua mão sobre o ombro do guerreiro. - O sangue dos velhos reis corre em suas veias, por isso estas aqui, liderando estes homens que já não tem para onde ir.
- Não se esqueça que foi este mesmo sangue que nos condenou a todos por várias e várias vezes, a fraqueza da linhagem é evidente, meu amigo, somos suscetíveis à corrupção. Não quero arriscar-me a cometer os mesmos erros de meus antepassados.
O forasteiro, sem hesitar, interrompeu-o de forma incisiva.
- Sua espada poderia estar sendo mais uma mercenária aniquilando vidas inocentes em troca de abrigo e comida, mas não, mesmo que não aceite, você os lidera, esta em seu instinto, permita que isto aflore, Seja o rei que este povo precisa, assuma o posto que é seu por direito, seja a luz após este período tão longo e sofrido de escuridão.
- Como se pode guiar alguém quando não se é capaz de encontrar o próprio caminho? - Questionou o nobre posicionando-se novamente de frente ao forasteiro que respondeu de imediato.
- Às vezes precisamos estar cegos para poder enxergar. Por muito tempo estive perdido nas sombras do meu castigo, sem rumo a seguir, condenado a amargurar a escuridão eterna e a culpa por toda a dor que minhas decisões acarretaram. Desde que me foi tirada a visão, naquela última batalha contra o mal, eu trilhei um caminho de rancor e amarguras até que, definhando entre ruínas e fortalezas abandonadas eu encontrei a luz. - De forma suave o bardo, como um dos protagonistas na grande guerra, virou-se para disfarçar a lágrima que escorria por seu rosto. - Talvez você só precise aceitar o seu destino e então ele se encarregará de todo o resto.
O silêncio arrebatador ocupou o salão de reuniões após as palavras do forasteiro, apenas o som dos ventos e a fina areia que entrava cortante por entre os estilhaçados vitrais coloridos. Loran, o guerreiro de armadura azulada e espada larga estava convencido, a necessidade de um líder assumido era evidente, seu grupo já havia sido atacado e saqueado por bárbaros nômades diversas vezes, sem alguém no comando, formar uma resistência era inviável. Após mais alguns longos minutos de um amargurante silêncio Loran o quebrou dizendo:
- E que assim seja instituído o primeiro reinado dos povos livres.
- E quanto aos outros que sobreviveram, onde estão? - Desconfiado, o nobre deu as costas para o forasteiro e andou alguns metros em direção ao trono de bronze.
- Assim como eu, estão tentando juntar os destroços que sobraram da nossa terra. Vamos unificar os leais à resistência em condados, vilarejos e quem sabe reinos. - Avançou alguns passos, estendeu seu braço direito como se buscasse algo para se apoiar e então deixou repousar sua mão sobre o ombro do guerreiro. - O sangue dos velhos reis corre em suas veias, por isso estas aqui, liderando estes homens que já não tem para onde ir.
- Não se esqueça que foi este mesmo sangue que nos condenou a todos por várias e várias vezes, a fraqueza da linhagem é evidente, meu amigo, somos suscetíveis à corrupção. Não quero arriscar-me a cometer os mesmos erros de meus antepassados.
O forasteiro, sem hesitar, interrompeu-o de forma incisiva.
- Sua espada poderia estar sendo mais uma mercenária aniquilando vidas inocentes em troca de abrigo e comida, mas não, mesmo que não aceite, você os lidera, esta em seu instinto, permita que isto aflore, Seja o rei que este povo precisa, assuma o posto que é seu por direito, seja a luz após este período tão longo e sofrido de escuridão.
- Como se pode guiar alguém quando não se é capaz de encontrar o próprio caminho? - Questionou o nobre posicionando-se novamente de frente ao forasteiro que respondeu de imediato.
- Às vezes precisamos estar cegos para poder enxergar. Por muito tempo estive perdido nas sombras do meu castigo, sem rumo a seguir, condenado a amargurar a escuridão eterna e a culpa por toda a dor que minhas decisões acarretaram. Desde que me foi tirada a visão, naquela última batalha contra o mal, eu trilhei um caminho de rancor e amarguras até que, definhando entre ruínas e fortalezas abandonadas eu encontrei a luz. - De forma suave o bardo, como um dos protagonistas na grande guerra, virou-se para disfarçar a lágrima que escorria por seu rosto. - Talvez você só precise aceitar o seu destino e então ele se encarregará de todo o resto.
O silêncio arrebatador ocupou o salão de reuniões após as palavras do forasteiro, apenas o som dos ventos e a fina areia que entrava cortante por entre os estilhaçados vitrais coloridos. Loran, o guerreiro de armadura azulada e espada larga estava convencido, a necessidade de um líder assumido era evidente, seu grupo já havia sido atacado e saqueado por bárbaros nômades diversas vezes, sem alguém no comando, formar uma resistência era inviável. Após mais alguns longos minutos de um amargurante silêncio Loran o quebrou dizendo:
- E que assim seja instituído o primeiro reinado dos povos livres.
Continua...
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